CHARGES INTELIGENTES

 

Um vira-lata no banquete imperial, de Jota Camelo: uma realidade deprimente, capaz de revirar o estômago de qualquer verdadeiro patriota.

Um vira-lata no banquete imperial.

 

Bem-vindos à Escola sem Partido: uma charge quase perfeita de Inca Venuziano, Quase porque a imagem das coxinhas denuncia o vocabulário típico da militância petista, assim como a da Rede Globo, que não combina com o perfil ideológico dos defensores da Escola sem Partido, que repudiam essa emissora tanto quanto o autor da charge, chamando-a de Globolixo, como se ela fosse comunista…

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Agenda presidencial. Por Zé Dassilva.

Zé Dassilva.

 

Bolsominions.

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– Somos o país que mais preserva o meio-ambiente. (Jair Bolsonaro em Davos, dias antes da tragédia de Brumadinho). Charge de Gilmar.

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– Acabou a mamata!, segundo Jota Camelo: uma justa desmistificação dos mitos…

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O típico bolsominion, segundo Jota Camelo: perfeito em todos os detalhes.

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Bolsonaro e Cristo, de autor não identificado: impactante.

Bolsonaro e Cristo - Uma reflexão natalina.

 

Nando Moura e Olavo de Carvalho por H. Biscoito: humor ferino.

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EXTRATERRESTRES, SIM, HOMOSSEXUAIS, NÃO?

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No dia 3 de dezembro de 2003, Elcio Berti (DEM), prefeito de Bocaiúva do Sul, no Paraná, pretendendo aumentar a natalidade e “preservar uma atmosfera respeitosa e familiar” na cidade, assinou um decreto onde “fica vedada a concessão de moradia e a permanência fixa de qualquer elemento ligado a esta classe (os homossexuais), que não trará qualquer natureza de benefícios para este município”.

De acordo com o prefeito, sua decisão de editar o novo decreto de expulsão dos homossexuais de Bocaiúva do Sul foi tomada assim que ele recebeu a ligação telefônica de um homem que queria morar no município com o namorado. O prefeito declarou então à CBN:

Nossa preocupação é muito grande, quanto às crianças, quanto às famílias bocaiuvenses. Nós não podemos aceitar qualquer coisa em nosso município. A grande verdade é que tomamos um posicionamento. [O casamento gay] é uma tentativa de ridicularizar a instituição do casamento como instituição natural para a geração e educação de filhos. Não é isso que nós queremos. Nós queremos uma população sadia, de trabalho, de futuro.

Em outra entrevista à imprensa, Berti declarou:

Fiz isso para preservar a dignidade da família. Não posso permitir que as crianças vejam dois homens se beijando. [Os gays] são pessoas sem identidade, sem dignidade. Deveriam ter respeito pelos outros cidadãos. Isso é anormal.

Além dos objetivos educativo e reprodutivo, outro mais pragmático movia o guloso prefeito: o aumento da população da cidade implicava no aumento da verba recebida pelo Fundo de Participação dos Municípios, calculado de acordo com o número de habitantes. O prefeito queria aumentar o número dos habitantes de Bocaiúva do Sul (nove mil ou doze mil, dependendo das fontes) para obter mais verbas.

Allan Johan, do grupo Dignidade, que defende os direitos dos homossexuais, considerou o decreto de Elcio Berti neonazista e anticonstitucional e entrou na Justiça contra o prefeito, que já havia proibido a venda de camisinhas e cigarros e distribuía pacotes de amendoim e Viagra para “aumentar a população da cidade”.

Mais tarde, num debate com o prefeito Berti na rede de TV CNT, o presidente do Dignidade, Toni Reis, surpreendeu-se com o apoio dos espectadores: foram lidos diversos e-mails defendendo não apenas a expulsão, mas também a morte dos homossexuais.

Embora não desejasse homossexuais em Bocaiúva do Sul, o ambicioso prefeito Berti tentou construir um “Ovniporto”, sim, um aeroporto para Objetos Voadores Não Identificados, com a intenção de atrair extraterrestres para o município. Ao contrário dos homossexuais, os alienígenas seriam bem-vindos à cidade. Talvez o delirante prefeito imaginasse um sadio cruzamento entre os ETs e as bocaiuvenses, para repovoar mais rapidamente o município e assim aumentar seu caixa.

Nascido na Itália em 1949, futebolista amador e comentador esportivo de rádio, o prefeito Elcio Berti comandou Bocaiúva do Sul de 1997 a 2004 e elegeu a mulher, Lindiara, como sucessora, para 2005. Mas ela acabou cassada devido a irregularidades. Berti faleceu em 2009, com um câncer no estômago que se alastrou para os ossos. Seu nome ficará inscrito na História Universal da Infâmia graças à inglória tentativa de expulsar os gays de Bocaiúva do Sul e repovoá-la com alienígenas.

GUERRA FRIA NA BLOGOSFERA

Pimenta

Há uma Guerra Fria na blogosfera, e a última batalha foi desencadeada por um post de “Adriano Brasil” no Blog de Reinaldo Azevedo, afirmando que os dois donos da boate Kiss, onde morreram queimados, pisoteados e intoxicados 241 jovens, seriam gerentes-laranja de duas “empresárias”, laranjas por sua vez do Deputado Federal Paulo Pimenta (PT-RS), de Santa Maria. Isso explicaria o funcionamento da boate sem fiscalização séria e a presença da cúpula do PT em Santa Maria  após a  tragédia.

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A denúncia sem provas dava outro sentido à notícia de que o presidente da Câmara Federal, Marcos Maia (PT), nomeara Pimenta para coordenar a comissão dos parlamentares que acompanham as investigações sobre o incêndio na boate. Muitos blogueiros difundiram como verdade o boato facilitado pela lembrança de que Pimenta se encontrara com Marcos Valério na garagem do Congresso quando vice-presidente da CPI do Mensalão, tendo por isso que renunciar ao cargo. Ele se elegeu novamente em 2006 e foi reeleito em 2010 com quase 160 mil votos, mas os elefantes não esquecem.

A denúncia, claro, foi veementemente desmentida pelo acusado. Apesar disso, espalhou-se na blogosfera com a rapidez de um raio, passando a ser atribuída a Marcello Reis, fundador do Blog Revoltados ON LINE, que compara adversários a ratos e fezes, denotando uma tendência fascista que se manifesta ainda em logos e design de camisetas, e que reproduziu o post de “Adriano Brasil” como seu, levantando a suspeita de ser a mesma pessoa.

Já o Blog do Rovai atacou a charge de Paulo Caruso que apareceu no Blog do Noblat e que teria politizado a tragédia. De péssimo gosto, a charge ali publicada sob a rubrica de “Humor”, que adquire então conotação infame, não traz traço da politização denunciada, limitando-se a um trocadilho idiota:

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Para reforçar seu lado, Rovai publicou então uma entrevista com Pimenta a declarar que processará todos os blogueiros que divulgaram a “calúnia”, levando a perseguição aos “mentirosos” até as últimas consequências. Apoiando a medida, o leitor “francisco niteroi” postou comentário esclarecedor sobre a estratégia:

Em princípio, sou contra a judicialização da politica. Porém, como a sociedade brasileira, bem como a sua expressão maior, que é a politica, estão doentes por causa da mídia desregulada e reacionária, acredito que a solução é judicializar, levando às barras dos tribunais todos aqueles que falam sem provas, criam factoides, etc. Na Justiça, mesmo com todos os problemas lá existentes, sempre há a perspectiva de prejuízo financeiro. Dessa forma, enquanto a sonhada democratização da mídia não vem, eu acho que o PT e seus membros tem que levar sempre, e muito, e todo dia, muitas pessoas aos tribunais. Foi só o deputado ir pra policia que o pessoal já estremeceu. Temos que adotar isso sempre. Talvez diminua este clima de vale tudo em que vivemos.

O “francisco niteroi” considera que a sociedade brasileira está “doente”. E culpa disso não o regime no poder, que governa o país há mais de uma década, mas “a mídia desregulada e reacionária”. Propõe, como remédio, o uso massivo do Judiciário para calar a boca da oposição enquanto não vem a Censura, que há de curar a sociedade doente. A proposta ousada poderia ser seguida pelas vítimas das difamações dos blogs vermelhos, que acusam igualmente sem provas, de crimes e falcatruas, aqueles a quem eles chamam de “tucanalha”.

O Blog Eduardo Homem de Carvalho desafiou então o Deputado Pimenta a processar toda a grande imprensa, que divulgou diversos escândalos em que ele aparece, com ou sem razão, envolvido. Ataques e contra-ataques se sucedem nos blogs de direita e de esquerda, elevando os ânimos às alturas. Contudo, reações exageradas e estratégias declaradas de criminalizar a oposição, conferindo ao PT o papel da Eterna Vítima do Sistema e, logo, acima das leis, levantam a suspeita, infundada ou não, de que sob a fumaça há fogo.

A ESQUERDA BRUZUNDANGA CONTRA A LIBERDADE

O Paraíso cubano

O Paraíso cubano: sem fome, sem crime, sem capitalismo, sem liberdade

Em sua palestra no auditório do Estadão, em São Paulo, a blogueira cubana Yoani Sánchez criticou a posição do governo brasileiro em relação aos direitos humanos em Cuba: “Falta dureza para o tema dos direitos humanos. No caso do Brasil, há muitos silêncios. Recomendaria um posicionamento mais enérgico do governo, pois o povo não esquece”. Sobre os protestos que amargou na Bahia – onde até puxaram seus cabelos – afirmou que veio preparada: “Já havia recebido ameaças pela Internet”.

O infantilismo da Esquerda Bruzundanga conseguiu irritar até aquele senador petista com fama de leguminoso, que deve ter ajudado a armar o circo de horrores e agora passa, por sua civilidade, por um traidor da causa. Ele sequer conseguiu assentar o mini Führer vermelho de chapeuzinho fashion que tentava coagir a blogueira a assinar um documento, berrando para puxar o coro dos fanáticos: “Ela não vai assiná! Não vai assiná! Assina aí! Assina aí!”, logo depois de terem acusado a cubana de ser uma mercenária e uma agente da CIA. Isso é o que a Esquerda Bruzundanga chama de debate democrático:

Yoani, que, aliás, defende o fim do bloqueio econômico a Cuba, a seu ver usado pelos comunistas para justificar o fracasso do regime, faz um tour de conferências por vários países. Já era uma celebridade antes da Esquerda Bruzundanga produzir o escândalo midiático que só fez atrair mais atenção e granjear admiradores para a blogueira, mobilizando políticos, jornalistas e até agentes policiais: após os tumultos no aeroporto e no “debate” em Salvador, foi-lhe oferecida uma escolta policial.

Em 2007, a revista Time elegeu Yoani uma das pessoas mais influentes do mundo. Era uma dissidente jovem, inteligente, bem informada, que desafiava a ditadura cubana com crônicas do cotidiano de Cuba em seu blog Generación Y, um dos mais lidos da rede. Formada em Filologia Hispânica, ela havia sido convidada a visitar outros países, mas tinha seu passaporte retido pelas autoridades cubanas. Estava proibida de sair da Ilha – como a maioria da população de Cuba.

Pode ser que a blogueira dissidente tenha sido liberada agora como uma forma de propaganda maquiavélica, típica dos socialistas, da reforma migratória que passou a vigorar em Cuba a 14 de janeiro de 2013, neutralizando a lei de restrição de saída do país vigente desde 1961. Os cubanos já podem viajar para fora! Podem mesmo? Mais uma propaganda enganosa: quantos cubanos deixarão a Ilha se sua população ganha em média 17 dólares mensais?

Embora tenha se preparado para as agressões verbais, Yoani ficou chocada, mais tarde, com os protestos que irromperam no que deveria ser uma sessão tranquila, na Câmara dos Deputados, onde ela tentou novamente ver o documentário Conexão Cuba Honduras, de Dado Galvão, onde ela é entrevistada, e que havia sido censurado pelos Bruzundangas no evento de Salvador.

Na Câmara, entre os manifestantes mais ruidosos estava um servidor da Casa, Rodrigo Grassi Cademartori, vulgo Rodrigo Pilha, secretário no gabinete da deputada federal Érika Kokay (PT-DF). Enquanto parlamentares da oposição tentavam ouvir Yoanis, o funcionário, em horário de trabalho, com o crachá de servidor escondido sob a camiseta, berrava do fundo do plenário, acompanhado por dois manifestantes: “Deixa os movimentos sociais entrarem!”. Do lado de fora, oito Bruzundangas tentavam passar por cima dos seguranças para adentrar à força no Plenário.

Outro funcionário público, este da Presidência, participou da reunião realizada na embaixada de Cuba, quando foi distribuído um dossiê acusando Yoani de estar a serviço da CIA. O embaixador teria pedido aos Bruzundangas apoio para desacreditar e perseguir a blogueira durante sua viagem. Entre incontáveis Bruzundangas, Jussara Seixas, editora do Blog da Dilma, atendeu ao pedindo fazendo campanha contra a cubana que chamou de  “blogueira rola bosta”.

Em coletiva à imprensa, Yoani comentou a ação do embaixador cubano (denunciada pelo senador Álvaro Dias) como uma tentativa de matá-la ética e moralmente frente aos seus leitores. Embora os luminares da Esquerda Bruzundanga continuem a venerar o jurássico ditador Castro, indo pedir periodicamente sua bênção na desgraçada ilha pintada como Paraíso (fiscal?), parece que há algo de podre no reino da Dinamarca, que faz com seus atletas (os de Cuba, não os da Dinamarca) desertem ao pisar em terra estrangeira, quando têm a oportunidade de fazê-lo durante os campeonatos internacionais.

E isso acontece a despeito de os atletas, supostamente modelos de cidadãos patrióticos, serem controlados com o maior rigor pelo regime cubano. A reforma migratória de 2013 não incluiu os atletas profissionais. Segundo o chefe de migração cubano Lamberto Fraga, eles continuarão enfrentando restrições e dependerão de permissão especial para poder viajar para fora do país. Nesse contexto, é espantoso o número de atletas que, a cada ano, desertam de Cuba em campeonatos no exterior:

12 de março de 2008: Cinco jogadores de futebol cubanos desertam nos EUA.

13 de março de 2008: Um dia depois mais dois jogadores de futebol da seleção cubana desertam nos EUA.

19 de junho de 2012: Cinco jogadores de basquete cubano desertam em Porto Rico.

13 de outubro de 2012: Quatro jogadores de futebol da seleção cubana desertam no Canadá.

20 de fevereiro de 2013: Três jogadoras de vôlei da seleção cubana desertam na Inglaterra.

Menos sorte tiveram os dois boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que tentaram desertar no País dos Bruzundangas, durante os Jogos Pan-Americanos de 2007. Localizados pela Polícia Federal, os dois atletas foram encaminhados a Havana pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro, sustentou que os pugilistas não haviam solicitado asilo ao Brasil e pediram espontaneamente para serem remetidos a Cuba. Os cubanos não podiam imaginar que a grande nação dos Bruzundangas, com fama de democrática, iria caçá-los e mandá-los de volta ao Paraíso, do qual estupidamente quiseram escapar. Sobre esse caso horripilante escreveram as advogadas Hamana Dias e Hérica Amaro:

O ministro Tarso Genro, defensor das razões humanitárias, negou asilo […] a dois boxeadores cubanos que, em 2007, após o Panamericano, no Rio, pediram para refugiar-se neste país, já que receavam perseguições em Cuba. Todavia, inexplicavelmente, o governo brasileiro devolveu-os a Fidel Castro, que os encarcerou. Ou seja, o Estado brasileiro ignorou as regras internacionais necessárias à concessão de asilo político, pois tratou os cubanos como se não fossem titulares de direitos internacionais […]. Caso os cubanos representassem o Brasil na Corte Internacional de Justiça ou na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, se em Cuba eles tivessem liberdade suficiente para questionar a decisão do Brasil, possivelmente o país seria condenado. [1]

Graças ao nosso então ministro da Justiça duas almas cubanas desviadas foram salvas da perdição. Que exemplo inspirador e exaltante! O mundo deveria aprender conosco. Os próprios cubanos deveriam aprender a amar Cuba e jamais desertá-la. Enquanto esses ingratos tentam fugir do Paraíso (fiscal?), os luminares da Esquerda Bruzundanga fazem fila para entrar lá.

O próprio Tarso Genro, já eleito governador do Rio Grande do Sul, causou furor ao anunciar que, ao invés de ir para uma capital europeia nas férias de janeiro de 2011, iria para Cuba com toda a família – com  despesas pagas pela mesma. Antes, Tarso esteve pelo menos duas vezes em missões oficiais na Ilha: em 2005, como ministro da Educação, e em 2009, como ministro da Justiça.

Não sabemos se existe alguma relação entre as constantes viagens de Tarso Genro ao Paraíso (fiscal?) cubano e a ocultação, por razões de segurança, no Portal Transparência, dos gastos de seu gabinete em 2012 (R$303.257,00), quase três vezes maior que em 2011 (R$116.068,80). Os lançamentos dizem respeito principalmente a viagens. As despesas do governador em 2012 foram superiores a todas as diárias gastas no ano pela maioria das autarquias estaduais.

Há algo de podre no reino de Bruzundanga…


[1] DIAS, Hamana Karlla Gomes; AMARO, Hérica Rodrigues do Nascimento. Concessão de asilo político no Brasil. Respeito às normas de Direito Internacional ou conveniência diplomática?. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2533, 8 jun. 2010. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/14997&gt;. Acesso em: 21 fev. 2013. Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/14997/concessao-de-asilo-politico-no-brasil#ixzz2LaZkyXPR.

ELASTICIDADES POLÍTICAS

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A Pesquisa Datafolha de intenção de voto a Prefeito de São Paulo deu os seguintes resultados: José Serra, do PSDB: 30%; Celso Russomano, do PRB: 26%; Fernando Haddad, do PT: 7%; Soninha Francine, do PPS: 7%; Gabriel Chalita, do PMDB: 6%; Paulinho da Força, do PDT: 5%. A manchete do jornal foi: PESQUISA DATAFOLHA INDICA EMPATE TÉCNICO.

Empate técnico? Como assim?! Calma leitor racional, o jornal esclarece: “O empate técnico se caracteriza porque a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.” Ah, bom, somando-se 26 + 3 o resultado é 29, ou seja, quase 30! Então, dando um chute nas leis da matemática para ajustá-la ao critério citado, temos que o resultado de 30% sobre 26% constitui empate técnico e não vitória do primeiro colocado.

Note, ainda, nervosinho leitor racional, que a margem de erro da pesquisa Datafolha varia de acordo com os resultados, pois em 2010 a imprensa esclarecia diante de outro empate técnico de Serra: “A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.” (Datafolha indica empate técnico entre Serra e Dilma).

Tome, pois, um calmante, leitor racional. Ou comporte-se como o Ministro do Desenvolvimento e Combate à Fome, Fernando Pimentel (PT), que se declarou “otimista” com o resultado de seu candidato, Patrus Ananias, na primeira Pesquisa Datafolha de intenção de votos em Belo Horizonte: Marcio Lacerda (PSB): 44%; Patrus Ananias (PT): 27%. Isso é mais que simples otimismo. É otimismo delirante. Mas vale tudo no jogo político da democracia brasileira.

ESVAZIANDO O MENSALÃO

Em 2003, no primeiro ano de mandato do ex-presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, a empresa de publicidade DNA Propaganda, do empresário mineiro Marcos Valério, conseguiu a renovação de um contrato de R$ 153 milhões com o Banco do Brasil. Segundo o Ministério Público, esse contrato teria servido de fonte de recursos para o financiamento do esquema de “recompensa” de deputados que aprovavam os projetos do governo – o chamado “mensalão”. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou à época irregularidades nos contratos da DNA. Henrique Pizzolato, então diretor de marketing do BB, teria viabilizado os recursos para o mensalão  através de repasses de bonificações.

De fato, o novo governo, de um partido minoritário sem base de apoio no Congresso, já governava com incrível facilidade, tendo todos os seus projetos aprovados (a abolição da CPMF foi a única derrota do governo Lula em oito anos). Nem mesmo o PSDB se opunha aos projetos do governo petista, pois via agora seus planos neoliberais, bombardeados pelas esquerdas durante a administração FHC, serem apropriados pelas esquerdas no poder, aprovados por todos sem discussão. O esquema funcionava bem, até que, em 2005, o então deputado Roberto Jefferson (PTB), na iminência de ser o único condenado num esquema de corrupção, abriu as cortinas dos bastidores para o grande público.

Os suspeitos contratos assinados com a DNA estariam servindo como um canal de drenagem de recursos públicos para compra de votos. Melhor dizendo: de gratificações generosas aos deputados, a título pessoal, pelo apoio manifestado nas sessões de votação dos projetos do governo. O escândalo provocou a queda das cúpulas do PT, do PP e do PL (hoje PR), além da cassação do mandato do denunciante e do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, para quem tudo não passava de “caixa dois”. Essa prática, antes condenada pelo PT, era agora assumida como “normal”: se todos praticam “caixa dois”, porque não também o PT?

O que todos praticam deixa de ser ilegal, passa no máximo por algo inadequado, mas ainda dentro das normas, um costume ruim, mas socialmente aceito. O escândalo se vê esvaziado. Como a Justiça brasileira é tradicionalmente lenta e ineficiente, esses pecadilhos são logo perdoados e esquecidos. O PT recuperou rapidamente seus luminares momentaneamente apagados, levantou seus ídolos caídos por instantes, e os militantes difundiram sandices em massa, batendo na tecla de outros esquemas de corrupção, como o esquema do PSDB mineiro, o “mensalinho” que teria sido anterior, e, portanto, “o pai de todos os mensalões”, etc. A própria ética, brandida pelo PT na oposição contra os adversários corruptos, passou a ser questionada pela militância: se a esquerda quer o poder, tem que sujar as mãos! Jean-Paul Sartre não queria, com As mãos sujas, legitimar a corrupção. O dilema ético de seu personagem era bem outro. Já para a esquerda brasileira sujar as mãos significa molhar as mãos. Corrompendo os corruptos, os corruptores de esquerda sentem-se limpos apesar de tudo!

Muito antes de seu julgamento pelo STF, o mensalão começou a ser esvaziado pela máquina do poder petista, para impedir a condenação dos 38 réus do processo de 50 mil páginas e 600 testemunhas. O julgamento foi adiado ao máximo, até que todas as provas fossem destruídas e os prazos para as principais condenações se expirassem. Outros poderes foram submetidos a pressões, com Lula fazendo aprovar sua indicação de Dias Toffoli, advogado do PT, para o cargo de advogado-geral da União e, logo, de ministro no STF; negociando com o ministro Gilmar Mendes nos bastidores; mobilizando sindicatos, que agora ameaçam reagir com violência caso o julgamento do mensalão seja “politizado” (caso a corrupção da esquerda seja reconhecida); e a militância fiel, que espalha sandices na rede mundial de computadores para anestesiar a sociedade.

Hoje, mais um prego plantado pela máquina do poder petista esvaziou a bola já bastante murcha do mensalão. A prestação de contas dos contratos da DNA com o BB, antes apontada pelo TCU como irregulares, foram validados pela ministra do TCU, Ana Arraes, mãe do governador Eduardo Campos (PSB-PE), aliado do governo petista, e pelos demais ministros do TCU. A aprovação da prestação de contas, que passou de irregular a regular, baseou-se numa nova lei que estabeleceu outras regras para a contratação de agências de publicidade pela administração pública. Um artigo da lei afirma que essas regras alcançam “contratos já encerrados”. E, assim, foi derrubada uma das bases da acusação do Ministério Público contra o empresário Marcos Valério.

“Meu Deus do céu”, os brasileiros coitados perguntarão em transe, “que lei é essa que dá a si mesma o poder de vigorar retroativamente, negando todo o ordenamento jurídico conhecido a fim de legitimar o desvio do dinheiro público?”. Ora, paspalhos, nada mais simples de responder.  A lei foi criada pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), atual Ministro da Justiça, com o objetivo de dar maior transparência aos contratos de publicidade! Integrante da CPI dos Correios, que examinou irregularidades nesses serviços, Cardozo teve o lampejo de incluir em seu projeto um artigo estipulando que gratificações pagas a veículos de comunicação seriam consideradas “para todos os fins de direito” como receitas das agências de publicidade. O artigo passou despercebido na época e o projeto foi sancionado por Lula virando lei em 2010, permitindo ao TCU considerar regular o contrato antes irregular.

O Procurador do Ministério Público junto ao TCU, Paulo Bugarin, contestou essa decisão: as contas da DNA deveriam ser reprovadas devido à apropriação indevida das bonificações que a empresa deveria ter repassado ao BB: “Não vislumbro no caso a aplicação da lei que alterou o ordenamento jurídico, indicando como receita própria das agências de publicidade os planos de incentivo concedidos por veículos de divulgação. Não somente porque o contrato foi formalizado e executado antes da edição da nova lei, como em face da existência de expressa cláusula contratual que destinava tal verba ao Banco do Brasil”. Mas é este o objetivo da máquina do poder petista: subverter o ordenamento jurídico do país para criar uma realidade paralela na qual o mensalão nunca existiu.

Fontes

Reportagens de Débora Bergamasco, Marta Salomon, Mariângela Galucci e João Domingos para O Estado de S. Paulo:

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,procuradoria-deve-ignorar-decisao-sobre-valerioduto,903211,0.htm.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,tcu-diz-agora-que-contrato-de-valerio-usado-em-caso-do-mensalao-e-regular,902649,0.htm.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,acusacao-de-jefferson-a-chinaglia-e-grave-diz-oposicao,902590,0.htm.

OS AUTOS-DE-FÉ DA ESQUERDA

As recentes declarações do ator Wagner Moura à revista de esquerda Caros Amigos, de que não falaria com a revista Veja, pois esta seria “uma revista da extrema-direita brasileira”, fez a massa dos esquerdistas que pululam na internet vibrar em uníssono, em todas as redes sociais: “A Veja não serve nem pra decorar mesa de consultório”; “A Veja é mentirosa!!!!!!”; “A Veja é inimiga do cinema brasileiro e estampou uma foto do CAZUZA terminal, tentando viver, com a manchete AGONIZANDO EM PRAÇA PUBLICA. Nojenta!”; “A Veja é tendenciosa e manipuladora”; etc.

O mito da reportagem sobre Cazuza é recorrente, depois de relatado por sua mãe, Lucinha Araújo, em Só as mães são felizes. Mas ela aí também revela que foi Cazuza quem concordou em dar a entrevista à Veja, já bastante adoentado, e sob uma medicação fortíssima que “soltava sua língua”, levado pelo “sonho adolescente de ser capa da revista”. A suposta decepção de Cazuza com a reportagem da Veja de 26/4/1989 (“Uma vítima da AIDS agoniza em praça pública”) – e não o agravamento natural do estado em que se encontrava? – o teria levado à hospitalização e, logo, causado sua morte… Claro que é fascinante culpar uma revista, uma reportagem, uma manchete pela morte de alguém. Mesmo que este alguém já esteja em estado terminal – como uma espécie de golpe de misericórdia.

Contudo, muitos outros jornais e revistas publicaram na época fotos deprimentes do cantor pop agonizando. Cazuza apresentou-se com um aspecto de doente terminal até em shows e especiais de TV. Ele não temia, aparentemente, o sensacionalismo, típico das celebridades do mundo pop e do jornalismo, e não uma exclusividade da Veja. A decisão de “agonizar em praça pública” foi tomada pelo próprio cantor, vaidoso até o fim, e numa última provocação deliberada, coerente com sua trajetória. “Podem até ter publicado fotos, mas nenhuma estampou essa manchete desrespeitosa”, argumentam desesperadamente os que alegam odiar a Veja desde então.

Mas será que essa foi a pior manchete sobre Cazuza? Nem de longe. Lembro, por exemplo, da manchete do jornal Notícias Populares: CAZUZA FERVE O SANGUE, numa referência a um suposto tratamento experimental contra a AIDS que ele estaria fazendo. Nunca ouvi, curiosamente, nenhum  crítica a essa manchete, nenhuma análise política sobre isso. De resto, seria preciso pesquisar em todas as revistas brasileiras da época para afirmar com segurança que “nenhuma” outra estampou uma manchete “tão desrespeitosa” quanto a da Veja sobre o cantor. Como a Veja é uma revista de sucesso, pois a mais lida no Brasil, fica a impressão de que foi a pior.

Qualificar a Veja de “inimiga do cinema brasileiro” é outro pensamento paranóide recorrente, e uma inverdade flagrante. O próprio Wagner Moura destacou em sua entrevista contra a revista os elogios que ela fez ao filme que ele estrelou, Tropa de elite, mas “pelos motivos errados”, a seu ver. Aliás, um ator que estrela um filme fascistóide como Tropa de elite tem alguma moral para qualificar uma revista liberal (que comporta articulistas e repórteres das mais variadas tendências políticas) de “revista da extrema-direita brasileira”? Que piada!, dirão. Mas uma piada cheia de conseqüências perigosas.

Anos atrás, num evento promovido no Forum Social Mundial de Porto Alegre, os participantes realizaram um auto-de-fé no melhor estilo da Inquisição Ibérica e da Bücherverbrennung nazista, queimando uma pilha de revistas Veja. Neste momento, a esquerda mundial demonstrava haver se convertido ao PIG – o Partido da Intolerância Global. O ato passou, desde então, a ser repetido pela militância em diversas ocasiões.

Em outubro de 2006, o Comitê da Juventude pró-Lula, composto de várias entidades estudantis, promoveu um ato de protesto no centro de Teresina, no Piauí, no qual queimaram mais de cem exemplares da edição da revista Veja que trazia na capa o adversário de Geraldo Alckmin (PSDB), o então adversário do Presidente da República, Lula (PT), na disputa pelo seu cargo no Palácio do Planalto.

Em outubro de 2007, exemplares de Veja foram queimados em Belo Horizonte, na passeata de abertura da Jornada pela Democratização da Comunicação. Segundo o presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE–MG), Diogo Santos, a mídia faria uma “ditadura contra o povo”. Por isso, “atiramos fogo nos exemplares da revista Veja para simbolizar o nosso repúdio à ditadura da grande imprensa. […] Minas Gerais está sendo afetada por viver sob censura”, conforme o Blog Vermelho.

Em 19 de agosto de 2009, no Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, um militante raivoso, numa manifestação visivelmente manipulada, incita os moradores de rua a queimar exemplares (trazidos por outros militantes) da revista “inimiga” e “fascista”. As imagens deste pequeno auto-de-fé foram editadas ao som do lindo rap esquerdista “Enfia essa esmola no cu”, de Duda e Moleque de Rua:

Os que fecham os olhos para essas manifestações de intolerância, em contradição com os ideais humanistas, tradicionais de certa esquerda, argumentam que “o nazismo virou carne de vaca”, sendo a associação desprovida de sentido. Para a nova esquerda intolerante, essas ações são legítimas, já que as forças políticas que mais teme, e combate, não são as da direita, da extrema-direita e do nazismo, mas as da democracia, do liberalismo e do neoliberalismo, forças que ela estigmatiza como se fossem as da direita, da extrema-direita e do nazismo, e para o combate das quais não se envergonha de aliar-se à direita, à extrema-direita e ao nazismo.

Esse fenômeno ocorre desde os anos que precederam a Segunda Guerra Mundial e o pacto Molotov-Ribbentrop, como relatou Lindolfo Collor em suas preciosas crônicas reunidas em 1939. Crítico lúcido e implacável das teorias, táticas e pretensões nazistas (pelo que o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha emitiu um documento pedindo sua cabeça), ele percebeu com a mesma lucidez as incoerências das totalitárias estratégias comunistas, que sabotavam muito mais a combalida democracia que o nazismo em ascensão. É a mesma estratégia totalitária de alianças espúrias para sabotar a democracia que se manifesta na atualidade brasileira sob o grotesco “pacto da governabilidade” petista.

Não há veículo de comunicação que não manipule os fatos; concentrar as críticas devidas às práticas comuns do jornalismo, por natureza manipulador, à revista Veja, é uma tática da campanha bem orquestrada pelas esquerdas em seus blogs, sites, jornais e revistas contra as mídias liberais. Veja incomoda sobremodo as elites esquerdistas dominantes. Não sou leitor da Veja, mas simpatizo com todos os perseguidos. Não levo a imprensa brasileira a sério, mas os esquerdistas raivosos, sim: de outro modo não se ocupariam em seus blogs, sites, jornais e revistas a perseguir essa revista inócua.

Que palhaçada!, dirão. Mas trata-se de uma palhaçada sinistra e perigosa, cujo objetivo final é o estabelecimento de uma censura à imprensa, legitimada pelo selo do “fascinante fascismo” de esquerda. Assim, o Blog Consciência organizou um boicote à revista Veja, encabeçado pelo manifesto “Veja Nunca Mais”, e seguido por dezenas de leitores arrependidos, que passaram a cancelar, revoltados, suas assinaturas da revista, chicoteando as próprias costas culpadas de ex-assinantes, em doridas mea culpa.

O Orkut registra várias comunidades de ódio à revista Veja, desde A Revista Veja é do MAL, criada em 2004, com 3.057 membros; VEJA que mentira!, criada em 2004, com 10.661; Nem Veja, Nem Leia, criada em 2006, com 8.713; a campeã  Leu na Veja? Azar o seu!, criada em 2006, com 15.997 membros; Eu odeio a revista Veja, criada em 2005, com 2.057 membros; Revista VEJA – Eu CANCELEI, criada em 2006, com 2.724 membros, Revista Veja – Não Veja, criada em 2007, com 5.201; etc.

A revista eletrônica Nova E montou um dossiê contra a revista Veja, com artigos, ensaios e caricaturas que a acusam de ser “controlada” por americanos ou sul-africanos, de ser “tucana”, “racista”, “direitista”, “fascista”, “nazista”, “mentirosa”, “podre”, “canalha”, etc. Seus autores lamentam que a Veja seja lida, que sua tiragem semanal seja de 1,1 milhão de exemplares, que ela tenha 800 mil assinantes, que seja seguida por mais de 1 milhão de pessoas no Twiter: “A maioria dos que compram, gostam das opiniões, gostam do Diogo Mainardi”, lamenta, por exemplo, Raimundo Pereira, que foi um dos primeiros editores da revista, citado no ensaio paranóide “Revista Veja: Laboratório de invenções da elite”, de Anselmo Massad,  publicado na revista Fórum. O ódio à Veja é, claro, imediatamente transferido aos seus leitores, que são igualmente estigmatizados como “direitistas”, “fascistas”, “tucanos”, etc. Somente “descerebrados” leriam a Veja, como nesta charge de Maringoni:

A campanha tática contra a revista Veja – enquanto símbolo das mídias liberais, utilizado dentro de uma estratégia política mais ampla, de implantação da “regulação estatal” e do “controle social das mídias” – apenas começou. O objetivo visado é o estabelecimento de um pensamento único de “esquerda”, uniformizado pelo PIG – Partido da Intolerância Global. Em Rinocerontes, de Eugène Ionesco, uma cidade fica espantada com a aparição de um rinoceronte cruzando a praça; logo os cidadãos descobrem tratar-se de uma doença, que os transforma em rinocerontes. Não demora, e toda a cidade apanha a “rinocerontite”, menos um homem, que se recusa, de arma em punho, a juntar-se, e que gira cada vez mais furiosamente ao seu redor. Em tempos de Lula-Dilma, não há peça mais atual.

ESTILOS GROTESCOS

Depois de chamar em discurso sua colega petista Marta Suplicy de Márcia Suplicy – e isso ao ler agradecimentos, Dilma Rousseff afirmou, em entrevista a Antonio Leite, da rádio Planeta Diário, reproduzida em O Estado de S. Paulo, que o Brasil “está crescendo 11% […]. Nem na China, né. Ou seja, são níveis que você vê hoje na China. No final do ano vai ficar em torno de 6,5%, 7%”.

O crescimento do PIB no primeiro semestre, segundo o IBGE, foi de apenas 2,7%, sendo 6,5 ou 7% apenas uma projeção otimista para o fim do ano. Ou seja: a realidade é 2,7% enquanto se sonha  6,5 a 7%. Mas o real delirante de Dilma já se anuncia como 11%! Seu delírio de PIB  inclui uma nota esquizofrênica: “nem na China, ou seja, só na China”.

Dilma ainda afirmou: “Nós sabemos quem endividou (o país), vários governos sucessivos, inclusive o último governo.” Não, ela não se referia ao governo de Lula, mas ao de Fernando Henrique Cardoso, sob a gestão de quem “o Brasil estava em situação periclitante, situação de treme-treme […]. Estava funhanhado, tremelento, tremilicando.” Esse é o novo estilo de prosa, grotesca, que Dilma, sem o carisma de Lula, foi induzida a adotar…

Concluindo com chave de ouro, Dilma gabou-se, também à maneira de Lula: “Eu ajudei a fazer esse Brasil diferente junto com o presidente Lula. Eu participei deste processo e do governo e ajudei o presidente a coordenar os ministérios e os principais programas do governo. Me sinto extremamente preparada.”. Lula e Dilma jamais ouviram o ditado popular: “Elogio em boca própria é vitupério”. Mas devem ter ouvido outro: “A voz do povo é a voz de Deus”, pois eles se sentem, com a popularidade, seres superiores e divinos.

LULA PROJETA IMAGEM RUIM DO BRASIL

 

Uma das conseqüências da catastrófica política externa brasileira é a de se tornar um dos alvos do humorismo internacional. Os famosos discursos improvisados de Lula na Presidência do Brasil podem efetivamente ser confundidos com quadros humorísticos dos programas de comédia chula da TV brasileira, tipo CQC, Comédia MTV e, sobretudo, Pânico na TV, o mais baixo, vulgar e preconceituoso de todos. O uso recorrente que Lula faz dos palavrões tornou-se quase uma marca registrada de seu personagem tosco, irritadiço, que adora berrar e fazer gracinhas para uma platéia assustada e submissa. Eis alguns exemplos:

MERDA

PORRA

VIADO

SIFU

Esse Presidente com traços de Jeca Tatu, alvo de tantas paródias nacionais, com sua língua presa, seu dedo cortado, sua megalomania, suas metáforas futebolísticas, seus discursos primários e de non sense, começou agora, graças à sua desastrosa política exterior, a levar o Brasil a ser ridicularizado como nunca antes na História do mundo pelos humoristas internacionais. Os brasileiros, que sempre criticaram os EUA e Israel, sem receber o troco, ao abraçar os inimigos desses países e interferir no andamento das questões da segurança mundial, causaram uma rachadura na tradição de nossas relações diplomáticas. O Brasil terá agora que arcar com as conseqüências pesadas dessas intervenções voluntaristas do globetrotter Lula, e se acostumar a ser um alvo legítimo da gozação.

Uma primeira sátira política internacional surgiu na websérie Isla Presidencial, produzida pelo site venezuelano El Chiguire Bipolar: nessa animação, presidentes latino-americanos (incluindo um Lula ébrio, sempre de copo na mão) zarpam até uma ilha paradisíaca, numa viagem de luxo que acaba em naufrágio, com os presidentes lutando pela sobrevivência:

Em Israel produziu-se, logo após o acordo Brasil-Turquia-Irã, uma paródia política ao estilo caricato de Planeta & Casseta e Zorra Total, pintando Lula com cores fortes, como um tipo atrevido, ignorante, intrometido, gabola, que se põe a tratar de assuntos que desconhece completamente, sempre muito seguro de si. De quebra, os humoristas menosprezam o Brasil como país sem importância de língua espanhola, confundindo samba com rumba, como nos velhos musicais americanos:

Mais sofisticados, os humoristas de South Park superaram em acidez o episódio polêmico da série Os Simpsons, em que o Rio de Janeiro aparecia como selva criminosa cheia de bandidos e macacos, atingindo no episódio de Brasília o cerne da Administração Lula. A tônica é colocada na corrupção, na desonestidade e na mentira, que passaram, desde o impune mensalão que não existiu, a caracterizar os brasileiros, que aprovam seu líder numa proporção de 83%. Em conversa telefônica com alienígenas, Lula tenta apaziguar os novos companheiros, em alusão à influência de poderes estranhos no Brasil, concretizada na aliança com o Irã:

É curioso observar como a Rede Globo anunciou a sátira de South Park como “um episódio sobre a perseguição a um alienígena”, omitindo descaradamente que o cartoon girava de modo explícito e reiterado sobre a corrupção e as mentiras de Lula:

Essa é uma das conseqüências lamentáveis do novo papel que o Brasil agora desempenha, como um elefante entrando num salão de cristal, no complexo tabuleiro de xadrez da política mundial. Não gostamos de reconhecer nossa face refletida de modo distorcido, e para nós sem graça, por esse humorismo estrangeiro. Mas quem sai na chuva quer subconscientemente se molhar. Devemos sempre pensar duas vezes na imagem que projetamos entre as vítimas de nossa política externa antes de meter o nariz aonde não somos chamados. Freud nisso tinha perfeita razão: expulso pela janela, o reprimido retorna pela porta da frente…

VISÕES DESUMANAS

LUIZ NAZARIO responde a Sheila Sacks, em entrevista publicada na edição de setembro de 2008 do Nosso Jornal-Rio e retomada no Portal dos Brasileiros em Israel e no sítio Rio Total.

A arte, como expressão imaginativa e criativa, estaria conceitualmente imune às amarras da ética filosófica tradicional (e suas normatizações em relação ao bem e ao mal)?

Tenho me batido, em meus escritos sobre arte e ideologia, contra a idéia corrente de que o artista é um ser divino, acima do Bem e do Mal. Naturalmente, talentos específicos distinguem um artista de outros cidadãos que não possuem os mesmos talentos, mas esse privilégio não isenta o privilegiado da responsabilidade por suas ações. Se o artista é capaz de sintetizar numa imagem toda uma situação, sua síntese possui um poder de impacto que deve ser considerado. Ao engajar sua arte numa causa, o artista sabe – ou deveria saber – exatamente o que está em jogo. Nenhum artista é obrigado a engajar sua arte. Mas se ele engaja sua arte numa causa justa, por mais liberdade, paz, progresso, verdade, ele deve ser recompensado por prestar voluntariamente um serviço à humanidade. Da mesma forma, se ele engaja sua arte numa causa criminosa, por mais terror, guerra, miséria, mentira, ele deve ser punido por contribuir voluntariamente com a desumanidade. A forma dessa punição deve ser estabelecida pela sociedade. Claro que certas sociedades podem aproveitar-se dessa medida para punir os artistas que as incomodem, estabelecendo uma nova censura, um novo totalitarismo, etc. Daí o receio de se estabelecer critérios de punição para artistas. Os artistas alemães contribuíram em massa com o regime nazista, desempenhando muito bem a parte que lhes coube na execução nacional do Holocausto. Nenhum deles foi punido por isso. E mesmo Leni Riefenstahl, tão próxima de Adolf Hitler, glorificando o regime nazista com seus filmes de propaganda, foi enfim reabilitada.

É crível ao artista/cartunista, no ato da criação, sublimar suas ideologias e preconceitos?

Como disse, o engajamento da arte é uma opção política do artista. Se um cartunista como Carlos Latuff dispõe-se a diabolizar os israelenses para tornar aos olhos do mundo a causa dos palestinos, que ele adotou, mais humana, ele sabe exatamente a que processos e técnicas sua arte precisa recorrer. Tendo o domínio de sua arte, ele expressa exatamente o que deseja expressar. Não pode alegar posteriormente inocência quanto a isso. Naturalmente, tal artista não quer ser visto como racista, e por isso ele se diz de esquerda, deprecia neonazistas e sustenta condenar, em sua arte, apenas um Estado imperialista que massacra palestinos. Mas ao concentrar a humanidade em apenas um dos lados do conflito, diabolizando o outro lado, assume, em sua arte, que todos os crimes podem ser cometidos contra o lado diabolizado.

De que forma a arte do cartoon tem sido usada como uma arma sub-reptícia de guerra?

O cartoon sempre foi usado como arma de guerra, desde a Primeira Guerra Mundial. Veja-se a animação O afundamento do Lusitânia (The Sinking of Lusitania, EUA, 1918), do cartunista Winsor McCay, com mais de 25 mil desenhos numa animação realista, enfatizando o peso dramático da mensagem dirigida contra a Alemanha, cujos submarinos haviam torpedeado e afundado aquele navio de passageiros, resultando em 1.195 vítimas civis, das quais 128 eram cidadãos norte-americanos. Na Segunda Guerra o uso do cartoon na propaganda contra o inimigo foi intensificado, tanto pelo Eixo quanto pelos Aliados. Mas nem toda propaganda de guerra (caricaturas, animações, filmes, etc.) é condenável. É preciso distinguir as propagandas que expressam pontos de vista humanos de solidariedade, amor à liberdade e defesa de uma causa justa das que expressam pontos de vista desumanos, ódio à liberdade, defesa de uma causa injusta. Há propagandas aliadas que, ao combater o racismo e a agressão do Eixo também se mostraram racistas e agressoras. Nenhuma causa deve servir de pretexto para o artista desafogar a própria bestialidade. O que ocorre atualmente no conflito Israel-Palestina é o uso internacional do repertório de clichês anti-semitas da caricatura anti-semita tradicional (dos séculos XIV-XIX), cujas fontes são os sermões da Igreja católica; e nazista (dos anos de 1920-1940), cujas fontes são Os protocolos dos sábios do Sião. Este uso não se faz mais contra o Judeu (isto é, contra o povo judeu), mas contra o Estado Judeu (isto é, contra todos os judeus que se identificam com este Estado). É como se o anti-semitismo, após a criação de Israel, redimensionasse seu ódio ao Judeu para o ódio ao Estado Judeu. Nesta operação, os “anti-sionistas” esperam dividir o povo judeu entre sionistas e não-sionistas e ainda conquistar uma parcela deles para a causa da destruição de Israel. Algumas técnicas imagéticas dessas caricaturas: 1. Animalização dos judeus ortodoxos (pintados sob a forma de ratos, aranhas, serpentes, dragões, etc.); 2. Diabolização das autoridades israelenses (Primeiros-Ministros com chifres e caudas de diabo, cercados de chamas do inferno; renomeação de Israel como “Israelixo” ou “Israhell”, etc.); 3. Negação do Holocausto (associação de Auschwitz a um parque de diversões com inserção de uma roda gigante, por exemplo); 4. Dessacralização da Estrela de Davi (sistematicamente associada a suásticas, crimes, opressões e massacres); 5. Troca histórica de papéis em situações históricas diversas (substituição das tropas SS por soldados israelis, da suástica pela Estrela de Davi, de judeus vitimados no Holocausto por palestinos vitimados por Israel); 6. Pacifismo (associação da causa da destruição da Israel à Pomba da Paz, sempre ferida, mutilada, esmagada e morta por Israel, o “eterno perturbador da paz”, como Hitler, causador da guerra mais mortífera de toda a História, chamava os judeus); etc.

Qual é o papel da globalização nesse contexto?

A globalização deu à História a dimensão do tempo real, ou seja, tudo acontece em todo lugar ao mesmo tempo. O mundo, que sempre foi um, agora é mais um que nunca. Todos os internautas têm acesso a todas as informações de todos os lugares o tempo todo. Mas algumas verdades horríveis não são assimiladas e a má-fé cresce na mesma medida. Numa disciplina que leciono, Cinema e História, um aluno meu escolheu analisar o filme Paradise Now (Paradise Now, 2005), de Hany Abu-Assad. Como poucos, aquele aluno percebeu que o homem-bomba palestino era santificado na cena do banquete, construída como a Santa Ceia, de Leonardo da Vinci. Ao mesmo tempo, ele se recusou a aceitar o sentido dessa santificação. Ele já sabia o que eu pensava a respeito. Mas se ele concordasse comigo precisaria criticar essa analogia, recusar a santidade da causa palestina, o que ele não estava preparado a fazer, pois se os terroristas palestinos não fossem santos, Israel não seria mais tão detestável. E ele tinha a necessidade de odiar Israel para ser feliz, precisava que Israel fosse o Mal para manter funcionando sua visão de mundo baseada na má-fé.

Quais os fatores que favorecem, na sociedade brasileira atual, a disseminação do preconceito e a demonização de Israel?

A idéia de que para ser cool, in, fashion, basta odiar os Estados Unidos (o Grande Satã) e Israel (o Pequeno Satã), e de que todo o resto virá automaticamente. Pensar dá muito trabalho, é mais fácil seguir o rebanho. E se a nova onda é um novo tipo de fascismo, é o que se terá no Brasil. Aliás, é o que já temos. Um novo fascismo de esquerda, com discriminação total a Israel e aos EUA. Escritores e artistas como Gore Vidal, José Saramago, John Le Carré, Jean Ziegler e Mikos Theodorakis ajudaram a dar, através de declarações raivosas contra Israel nas mídias de consumo, prestígio intelectual ao pathos antissemita. Mesmo escritores e artistas judeus precisam, agora, para fazer sucesso junto às mídias, mostrar-se contra Israel em certa medida, como o fez Susan Sontag, cujos ensaios admiro, em seus discursos políticos, incluindo o de agradecimento ao Prêmio Jerusalém, coletados recentemente em Ao mesmo tempo. Cineastas israelenses devem fazer como Amos Gitai: criticar Israel em filmes e entrevistas – caso contrário, não ganharão destaques, prêmios e retrospectivas em festivais internacionais de cinema. A obrigação de atacar os EUA e Israel generalizou-se. Não que os EUA e Israel sejam inatacáveis, mas quando apenas EUA e Israel são atacados e se poupam os Estados que efetivamente suprimem liberdades civis, acobertam terroristas, doutrinam crianças, perseguem minorias, inferiorizam mulheres, etc. então não se trata de críticas exprimindo visões humanistas, mas de difamações propagando visões desumanas.

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